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Harry Potter e o Nazismo

24 nov

Com o lançamento de Relíquias da Morte – Parte 1 nos cinemas surge mais uma vez o debate sobre os acontecimentos e os temas abordados no filme. Mas há um elemento que sempre é ignorado na maioria das críticas à série do menino bruxo mais famoso do mundo: a alusão ao nazismo.

Muito se diz à respeito do famigerado tom sombrio dos filmes, da fidelidade da adaptação à sua obra de origem, mas poucos se importam realmente com a política e a ditadura da magia que a série, através das mãos do diretor David Yates, vem abordando cada vez com mais frequência nos cinemas (e com maior destaque nos livros).

Hitler assumiu o governo da Alemanha quando boa parte da população alemã andava desacreditada, sem emprego e esperança. O tirano mais famoso da história, comandou a maior ditadura do mundo promovendo uma propaganda que visava a imposição do governo nazista em escolas, nas ruas, na música… Sempre pregando a idéia de que a Alemanha deveria exterminar todos os entraves que impediam o país de atingir a formação superior. Em outras palavras, perseguir qualquer grupo político ou religioso, étnico ou sexual, que pudesse atrapalhar o governo composto por “seres superiores” que Hitler objetivava atingir. Entre as vítimas do governo de Hitler estavam os judeus, que foram perseguidos e exterminados, obrigados à trabalhar em campos de concentração.

Em As Relíquias da Morte – Parte 1, o tom de urgência e perigo, a fotografia mostrando lugares desolados e a tensão que permeia o trio principal são características de um drama de guerra. Lorde Voldemort, o grande vilão é a personificação de um ditador nos mesmos moldes de Hitler. Voldemort acredita em uma sociedade formada por bruxos puros e com isso dá início à perseguição de trouxas (as pessoas comuns, sem poderes mágicos) e de sangues-ruins (bruxos que são filhos de trouxas), que remete claramente à política da Alemanha nazista.

A direção de arte do filme entrega detalhes que contribuem ainda mais para essa ligação. O cenário do Ministério da Magia por exemplo, que possui um monumento em que trouxas são representados emasgados por uma enorme estrutura de mármore onde se lê “Magia é Poder”  é uma clara referência ao Holocausto. Os cartazes de procurado utilizados no filme tem as mesmas características dos materiais usados na Segunda Guerra.

As cenas no tribunal onde os sangue-ruins são obrigados à comprovar que possuem herança mágica ou sofrerão graves consequências refletem fatos importantes da história.

Harry, Rony e Herminone são obrigados à vagar pelo país, escondidos pois são vítimas evidentes de um novo governo ditador. Assim como os bruxos que formam a tal Ordem da Fênix que ficam de mãos atadas quando o Lorde das trevas toma o poder do ministério e da escola de magia e bruxaria, outrora segura, Hogwarts.

Tortura e violência, assim como injustiça e preconceito são referências claras que saíram das páginas de J. K. Rowling para as telas do cinema, e que nas mãos de David Yates ganharam uma dimensão política até então inédita na série. As referências só não são mais claras porque tudo tem uma roupagem mágica, afinal, trata-se de uma obra que começou mirando o publico infantil (os filmes, já que J. K. Rowling jamais declarou escrever para crianças) mas que aqui atinge a maturidade que anunciava nos filmes anteriores.