Preview Planeta dos Macacos – O Confronto

11 jul

Nesta segunda, dia 07 de julho, eu tive a oportunidade de conferir 20 minutos do inédito: Planeta dos Macacos – O Confronto. Foi um evento organizado pelo site Omelete (à quem eu devo todo o crédito deste post) com cortesia da FOX no cinemark do Shopping Pátio Paulista em São Paulo. 

conviteConfesso que estou super ansioso por esse filme pois, assim como o anterior, ele nos mostrará o começo de todo o domínio primata do planeta. 

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O primeiro filme ( Planeta dos Macacos – A Origem) conseguiu cativar e instigar a curiosidade do público sobre o futuro da série que nós já conhecemos.

Pra quem não assistiu ao filme originalO Planeta dos Macacos [1968] - Legendado de 1968, saiba que a história nunca foi apresentada desde o início. Os humanos até então, acreditavam estar em um planeta desconhecido habitado por macacos inteligentes e, aos poucos, vamos descobrindo certas semelhanças com a Terra e evidências de que os humanos já habitavam aquele lugar muito antes (a boneca na caverna por exemplo). Não tem como esquecer a cena da Estátua da Liberdade na areia quando finalmente descobrimos que não estamos em outro planeta, mas sim em um futuro apocalíptico onde fomos quase dizimados e escravizados por macacos inteligentes.
Nessa nova franquia acompanhamos o que levou à esses acontecimentos, como a população humana caiu em relação aos macacos e ainda, como os animais se desenvolveram tanto.

Cenas Inéditas
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Antes do aguardado preview assistimos à apresentação de Andy Serkis, que empresta suas feições ao macaco digital César. Ele nos fala que o segundo filme se passa 10 anos depois do A Origem e nos apresenta à tecnologia de captação de movimentos. Segundo o próprio ator este filme tem o maior número de cenas utilizando essa tecnologia de todos os tempos. Não é de se duvidar quando pensamos que todos os macacos do filme são digitais.
O realismo dos animais é impressionante. É possível diferenciar cada macaco pelo semblante e pela forma de agir e pensar. Os animais têm personalidade e serão, sem a menor sombra de dúvidas, a melhor coisa do filme.
Algumas cenas não estavam finalizadas, faltava renderizar e era possível enxergar os atores por trás dos animais em algumas delas, mas isso só engrandece ainda mais o trabalho de todos os envolvidos no filme.

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dawn2A primeira cena mostrava um homem andando pela floresta quando se depara com dois macacos. Ele fica um pouco perturbado diante dos animais e aponta a arma pra eles. De alguma forma ele acaba atirando em um dos macacos, o que gera ainda mais tensão. O restante do grupo dos humanos chega e acaba cercado pelos primatas que gritam e parecem realmente ameaçadores. Eis que surge o líder César e solta um assustador “GO” (Vão) e os humanos saem em debandada. Um deles deixa cair um bolsa que acaba ficando sob os cuidados dos macacos. Em seguida vemos César conversando com o macaco Koba e deixando claro que não pretende entrar em Guerra. “Se entrarmos em guerra vamos perder tudo o que conquistamos… Casa… Família… ” é o que ele diz no linguajar típico do macacos. Koba já se mostra menos pacifista: “Os humanos me prenderam em um laboratório. Me cortaram e injetaram coisas em mim. Temos que mostrar que somos fortes”.

Na segunda cena vemos os humanos presos em um prédio cercados por macacos. César mais uma vez está liderando e vemos que ele trouxe a bolsa que foi deixada na floresta pelos humanos. A bolsa pertence à Malcom (Jason Clarke) que tem um certo dom pra negociar com os animais. Malcom parece entender que César só quer proteger o seu bando da mesma forma que ele deseja proteger sua família. César devolve a bolsa e diz: “Nós não queremos guerra mas, se invadirem nossa casa mais uma vez, iremos nos lembrar” (em tradução livre pois não me lembro dos detalhes). Nesta cena os efeitos não estavam renderizados mas isso em nada atrapalhou a tensão que a cena passou. Mais um ponto à favor do filme que deve conseguir entregar interpretações muito boas e contextualizar muito bem a história que pretende contar.

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Na cena seguinte os humanos estão na beira de um rio. César está “conversando” com Malcom que agradece ao Macaco por alguma coisa. Parece que os humanos acabaram de se safar de uma enrascada graças aos macacos. Nesse momento um macaquinho filhote sobe nas costas da mulher humana que brinca com ele, demonstrando que somos todos iguais, homens e macacos. É uma cena bem piegas mas que serve pra mostrar que o tom do filme será bem mais dramático e focará na relação humanos-macacos. A cena que se segue depois desta é praticamente a mesma coisa: a Orangotango Maurice com o adolescente Alexander (Kodi Smit-McPhee) se conhecendo melhor (sem duplo sentido). O garoto está lendo um livro e a orangotango se aproxima mostrando interesse. O menino então mostra o livro pra macaca e os dois terminam a cena como dois amigos. Mais um reforço pra relação dos homens com os animais.
Em seguida assistimos ao trailer completo do filme e por último a melhor cena de todas: Koba, o macaco que não tem interesse nenhum em se aliar aos humanos se aproxima de dois caras sentados em uma espécie de túnel. Koba chega como se estivesse bêbado e fazendo a melhor imitação possível de um macaco. Um macaco imitando um macaco é algo que eu nunca vi na minha vida. Entre uma macaquice e outra, os caras começam a achar divertido o animal fazendo graça até que, numa dessas brincadeiras, Koba toma a metralhadora de um deles. O resultado disso nem preciso dizer né.
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 Conclusões e Especulações

Pelo pouco que foi visto neste evento eu posso dizer que mudei um pouco de opinião à respeito do tom deste segundo filme da nova franquia. Antes eu estava achando que o filme seria muito mais ação e explosão com a guerra entre humanos e macacos rolando solta pelas ruas destruídas de São Francisco. Mas o que eu vi foi algo muito mais pessoal e até intimista. Muito mais dramático e focado nas relações humanas x animais. 
Claro que a FOX deve ter guardado o melhor pro final. Ela não revelaria o clímax do filme neste preview, então eu acredito que o filme é muito mais do que foi visto nestes 20 minutos (isso é óbvio). A intenção deste preview foi exatamente mostrar as relações dos personagens e suas motivações. Enquanto César é o líder pacifista, Koba é o antagonista que promete causar as melhores reações durante o filme. Enquanto Malcom quer negociar com os animais os outros humanos acreditam que devem exterminá-los. Agora que está tudo estabelecido quero muito ver o restante do filme pra saber como uma coisa vai se encaixar na outra. Quais serão as sequências que ligarão estas cenas e qual será o plot principal desta história. 
Em A Origem vimos alguns Easter Eggs fantásticos da série, mas o que mais me deixou animado quando revi o primeiro filme em DVD, foi uma cena rápida de um noticiário cuja notícia era sobre um foguete desaparecido. Seria esse foguete o mesmo que levou o personagem do filme de 1968 pra uma fenda no tempo que o fez cair na terra anos depois? Faz sentido quando pensamos que, enquanto o foguete estava no espaço o tempo na Terra passou e fez com que os macacos dominassem o planeta, assim quando o cara voltou encontrou tudo diferente.
Isso é muito legal e só aumenta a minha vontade de ver os próximos filmes. Se em O Confronto também teremos easter eggs somente assistindo ao filme pra saber. 

A Rede Social

14 dez

Nos últimos anos testemunhamos uma verdadeira revolução na comunicação mundial. Algo tão impactante como o surgimento da internet. Trata-se da popularização das redes sociais que mexeram com o marketing, a imprensa e deram voz à sociedade.

De repente todo mundo estava on-line. Crianças e jovens por todo o mundo exibiam suas fotos em perfis da internet e em álbuns fotográficos virtuais. Essas redes sociais funcionam quase como um cartão de visitas ou uma análise dos gostos, hobbies, costumes e rotina de cada indivíduo. Não se sabia ao certo que rumo tomariam, mas uma coisa era certa, a comunicação e o relacionamento das pessoas jamais seriam os mesmos.

A Rede Social, filme dirigido por David Fincher (Clube da Luta) e inspirado no livro Bilionários por Acaso de Ben Mezrich conta como Mark Zuckerberg, um jovem universitário de Harvard, criou o Facebook, hoje a maior rede social do mundo com 500 milhões de usuários cadastrados, e como ele passou por cima de todos, inclusive de seu melhor amigo, enquanto o site crescia surpreendentemente.

No ano de 2003, Zuckerberg, gênio nerd da informática e o brasileiro Eduardo Saverin, estudante de economia e seu colega de quarto, eram dois desajustados socialmente, que buscavam conquistar espaço no ambiente acadêmico e conseqüentemente atrair os olhares femininos de Harvard.

Logo na primeira cena as ambições de Zuckerberg ficam claras, assim como suas fraquezas. É evidente que o rapaz esconde certa frustração por não fazer parte dos chamados Final Clubs, clubes exclusivos de onde se destacam os estudantes mais bem sucedidos e onde acontecem as melhores festas. É ainda mais gritante sua dificuldade em relacionar-se com as pessoas, em especial com as mulheres. Ao levar um fora da namorada, que literalmente não consegue se comunicar com ele, toma atitudes infantis como desmoralizar a garota em um blog sem pensar nas conseqüências. Após uma brincadeira que termina por derrubar a rede interna do campus, ele é procurado pelos irmãos Winklevoss que querem criar uma rede social exclusiva para alunos de Harvard. Zuckerberg aceita ajudá-los de imediato e, aparentemente, foi daí que a idéia do Facebook surgiu em sua cabeça.

O filme constrói perfeitamente bem a personalidade de Zuckerberg como um jovem inteligente, introspectivo, inseguro, impulsivo e até mesmo invejoso. O termo popular amigo da onça cabe facilmente entre esses adjetivos.

Saverin é visto como o injustiçado. É na verdade uma das muitas peças no tabuleiro de xadrez, talvez a mais difícil de ser derrubada. As jogadas de Zuckerberg não são ensaiadas, ele age por impulso o que torna o desenrolar dos acontecimentos ainda mais interessante.

O filme intercala os dramas na universidade com trechos das batalhas judiciais envolvendo a autoria do Facebook, em uma edição que contribui e ajuda no entendimento da história. A atuação de Andrew Garfield como Eduardo Saverin é inspiradora e emocionante assim como Jesse Eisenberg, que entrega aqui o melhor trabalho de sua carreira, fugindo do estereotipado loser e mostrando o lado humano e profundo de Mark Zuckerberg.

É interessante como o criador da rede social mais popular do mundo seja justamente uma pessoa com problemas em se relacionar. Talvez seja esse o reflexo de muitos usuários de redes sociais. Afinal é muito mais fácil ter milhões de “amigos” quando todos não passam de pixels expostos em um perfil na internet.

A Rede Social é mais que um retrato dos possíveis acontecimentos que cercam a polêmica origem do Facebook. É um filme que reflete a Inteligência e o espírito empreendedor da juventude moderna e ainda expõe a dificuldade de comunicação que a geração da internet pode desenvolver ao se esquecer de que a vida é o que acontece quando se desliga o computador.

Donnie Darko

3 dez

(Esse texto contém Spoilers leves)

Um filme capaz de gerar tanta discussão quanto as 6 temporadas da série Lost. Essa frase, apesar de clichê, é a definição exata daquilo que Donnie Darko nos propõe: discutir filosofia, viagem no tempo e todas as inúmeras teorias envolvendo o espaço-tempo de que se tem conhecimento.

Escrito e dirigido pelo estreante Richard Kelly, o filme foi lançado diretamente em DVD e produzido pela atriz Drew Barrymore, que também está no elenco. Na história, Jake Gyllenhaal interpreta Donnie Darko, um jovem adolescente que sofre de esquizofrenia e tem alucinações constantes com um coelho gigante que atende pelo nome de Frank. Segundo o coelho, o mundo vai acabar em exatos 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos (!).

Logo no início encontramos Donnie acordando no meio de uma estrada deserta. O personagem se levanta, olha para os lados e sorri como se aquilo fosse comum. Ao som de Never Tear Us Apart do INXS acompanhamos Donnie de bicicleta até sua casa onde conhecemos o restante da família. Maggie Gyllenhaal, irmã de Jake na vida real, interpreta a irmã mais velha de Donnie, Elizabeth Darko. Holmes Osborne faz o pai Eddie Darko e Mary McDonnell sua esposa Rose. Claro, não podemos esquecer da filha mais nova do casal, a jovem Samantha Darko interpretada por Daveigh Chase.
Apresentações feitas vamos às considerações. O filme inicia como um drama familiar onde a família senta-se unida à mesa do café e expõe os problemas, as vontades, os desejos e claro, criam intrigas que à princípio devem permear durante todo o filme. Essas cenas também estabelecem as personalidades de cada personagem e fica claro que a esquizofrenia de Donnie torna as relações um tanto conturbadas. Além de tudo o rapaz é sonâmbulo, e em uma dessas suas saídas no meio da noite encontra o coelho Frank que lhe conta a tal profecia do fim do mundo. É então que entendemos porque ele estava no meio da estrada no início do filme.

Outro acontecimento importante é que no momento em que Donnie volta pra casa, após ter encontrado o coelho e ter acordado mais uma vez na rua, ele se depara com uma cena inusitada: A turbina de um avião caiu sobre sua casa, exatamente no seu quarto, destruindo o cômodo. O mais intrigante é que não se encontra o avião que seria o suposto dono da turbina e, segundo informações, nenhum avião teria passado naquela área durante a fatídica noite.

É a partir daí que o filme ganha um tom de suspense, com a câmera se movendo sorrateiramente pelo ambiente como se seguisse os personagens sem ser percebida. A sequência dos alunos chegando na escola, abrindo as portas do ônibus ao som de Head Over Hills é um verdadeiro videoclipe da ótima música do Tears For Fears, impressionando por ter sido filmada sem cortes. Abro aqui um parênteses para destacar a trilha sonora cheia de sucessos dos anos 80 como Duran Duran, Oingo Boingo, Joy Division entre muitas outras.

Surgem então as primeiras perguntas: Quem é o coelho? Ele teria salvado Donnie ou foi apenas uma coincidência? O que acontecerá em 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos?

Surgem também os personagens intrigantes. A professora liberal Karen Pomeroy (Drew Barrymore) tem algo no olhar que declara saber muito mais do que diz, e a aluna Cherita Chen (Jolene Purdy) que parece sofrer de sérios problemas mentais, e olha para Donnie como se olhasse para um fantasma. É como se a menina soubesse que era pra ele ter morrido esmagado pela turbina enquanto dormia. Claro, todos sabem disso, mas é como se a garota enxergasse além daquilo que todos vêem, o que não fica claro no filme.
Aliás muita coisa não fica clara no filme, mas abre um leque de possibilidades incríveis pra nerd nenhum botar defeito. Não, não se trata de um filme propriamente nerd, não é Scott Pilgrim e não tem referências de videogames, mas carrega informações que abastecem muitos blogs desde 2001, quando o filme foi lançado.

Mais adiante no filme Donnie descobre uma certa relação com uma antiga professora chamada Roberta Sparrow, autora de um livro sobre viagem no tempo e começa à pesquisar sobre o tema com a ajuda de um professor. Somos apresentados então aos wormholes (buracos de minhoca), mais popularmente chamados de fendas no tempo.

O conceito de viagem no tempo foge do clichê “homem volta para o passado e altera o futuro” e é apresentado de forma até mais crível, por mais incrível que tudo isso seja.

É aqui que se encaixa a comparação com Lost. Pra quem não acompanhou a série, a trama principal girava em torno dos sobreviventes de um avião que sumiu nos ceús ao atravessar uma tempestade magnética (!) caindo em uma ilha que, na minha concepção, situa-se em um universo paralelo. Com a turbina que  “mataria” Donnie Darko é a mesma coisa. Nesse caso, apenas a turbina ao se desprender do avião teria “viajado” no espaço-tempo e atingido a casa de Donnie Darko.
As interpretações são muitas, e uma delas é a de que o que se viu não existiu ou só existe em um universo paralelo. Mais especulações sobre os fatos entregariam o final do filme. Assista e tire as suas conclusões.

A verdade é que muita gente vive em estado de alerta até que uma turbina de avião abre seus olhos pra vida. O problema é que às vezes isso acontece tarde demais e nem sempre se tem a sorte de sair ileso.

Harry Potter e o Nazismo

24 nov

Com o lançamento de Relíquias da Morte – Parte 1 nos cinemas surge mais uma vez o debate sobre os acontecimentos e os temas abordados no filme. Mas há um elemento que sempre é ignorado na maioria das críticas à série do menino bruxo mais famoso do mundo: a alusão ao nazismo.

Muito se diz à respeito do famigerado tom sombrio dos filmes, da fidelidade da adaptação à sua obra de origem, mas poucos se importam realmente com a política e a ditadura da magia que a série, através das mãos do diretor David Yates, vem abordando cada vez com mais frequência nos cinemas (e com maior destaque nos livros).

Hitler assumiu o governo da Alemanha quando boa parte da população alemã andava desacreditada, sem emprego e esperança. O tirano mais famoso da história, comandou a maior ditadura do mundo promovendo uma propaganda que visava a imposição do governo nazista em escolas, nas ruas, na música… Sempre pregando a idéia de que a Alemanha deveria exterminar todos os entraves que impediam o país de atingir a formação superior. Em outras palavras, perseguir qualquer grupo político ou religioso, étnico ou sexual, que pudesse atrapalhar o governo composto por “seres superiores” que Hitler objetivava atingir. Entre as vítimas do governo de Hitler estavam os judeus, que foram perseguidos e exterminados, obrigados à trabalhar em campos de concentração.

Em As Relíquias da Morte – Parte 1, o tom de urgência e perigo, a fotografia mostrando lugares desolados e a tensão que permeia o trio principal são características de um drama de guerra. Lorde Voldemort, o grande vilão é a personificação de um ditador nos mesmos moldes de Hitler. Voldemort acredita em uma sociedade formada por bruxos puros e com isso dá início à perseguição de trouxas (as pessoas comuns, sem poderes mágicos) e de sangues-ruins (bruxos que são filhos de trouxas), que remete claramente à política da Alemanha nazista.

A direção de arte do filme entrega detalhes que contribuem ainda mais para essa ligação. O cenário do Ministério da Magia por exemplo, que possui um monumento em que trouxas são representados emasgados por uma enorme estrutura de mármore onde se lê “Magia é Poder”  é uma clara referência ao Holocausto. Os cartazes de procurado utilizados no filme tem as mesmas características dos materiais usados na Segunda Guerra.

As cenas no tribunal onde os sangue-ruins são obrigados à comprovar que possuem herança mágica ou sofrerão graves consequências refletem fatos importantes da história.

Harry, Rony e Herminone são obrigados à vagar pelo país, escondidos pois são vítimas evidentes de um novo governo ditador. Assim como os bruxos que formam a tal Ordem da Fênix que ficam de mãos atadas quando o Lorde das trevas toma o poder do ministério e da escola de magia e bruxaria, outrora segura, Hogwarts.

Tortura e violência, assim como injustiça e preconceito são referências claras que saíram das páginas de J. K. Rowling para as telas do cinema, e que nas mãos de David Yates ganharam uma dimensão política até então inédita na série. As referências só não são mais claras porque tudo tem uma roupagem mágica, afinal, trata-se de uma obra que começou mirando o publico infantil (os filmes, já que J. K. Rowling jamais declarou escrever para crianças) mas que aqui atinge a maturidade que anunciava nos filmes anteriores.

Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1

20 nov

Em 2001 quando Harry Potter e a Pedra Filosofal chegou aos cinemas o sentimento era o mesmo entre os milhares de fãs: alguma coisa estava faltando. Apesar de ser, talvez, o mais fiel filme da série, A Pedra Filosofal carecia de profundidade dramática e os personagens foram apresentados de forma correta, mas sem o peso tridimensional que carregam nos livros. Em resumo, eram um esboço superficial, sem alma, daquilo que estava no livro. Claro, nada disso impediu que o filme arrecadasse milhões nas bilheterias e com as vendas em DVDs  possibilitando que a série evoluísse no decorrer dos anos com os próximos filmes.

As coisas começaram à mudar quando Alfonso Cuarón assumiu a direção do terceiro filme, O Prisioneiro de Azkaban e revolucionou a série visualmente, mudando a geografia da escola de magia de Hogwarts e introduzindo um clima fantástico entregando um Harry Potter com substância e drama juvenil. Pela primeira vez o público encarou os alunos de Hogwarts como verdadeiros seres humanos, apesar da herança mágica.

Em Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1 finalmente atinge o tom adulto e realista que se anunciava desde Azkaban. O Diretor David Yates que assumiu a direção em A Ordem da Fênix, entrega aqui o melhor, e talvez o mais confuso para aqueles que não leram os livros, filme da série.

Na trama, Harry Potter precisa procurar e destruir as Horcruxes, pedaços da alma de Voldemort, e assim tornar Lorde Voldemort mais uma vez mortal. Somente assim Harry poderá lutar de igual pra igual com o bruxo e impedir que ele e seus comensais da morte causem mais destruição.

Com um visual apocalíptico, digno de filmes de guerra, o filme introduz um clima de dominação (do mal) e resistência (do bem) e uma tensão que apesar de já estar presente no livro fica mais evidente no filme graças à fotografia excepcional do português Eduardo Serra.

Relíquias da Morte parte 1 é o mais diferente filme da série Harry Potter. Por não se passar dentro do castelo de Hogwarts (que voltará à servir de cenário para a sangrenta batalha na parte 2) ganha ares de road movie, lembrando em certos momentos o filme A Estrada. Harry Rony e Hermione são  obrigados à vagar por florestas, montanhas cobertas de gelo e prédios abandonados enquanto discutem, gritam e choram à medida que as emoções se afloram.

A atuação do trio de atores principais é digna de nota. Emma Watson brilha como Hermione, visivelmente a líder do grupo. O peso da realidade cai sobre a personagem logo no início do filme, quando vemos Hermione apagando sua existência da memória dos pais para protegê-los, na sequência mais emocionante de toda a série. A jovem atriz finalmente aprendeu à chorar e seus gritos na sequência em que é torturada por Bellatrix Lestrange (a sempre ótima Helena Bonham Carter) são carregados de dor e desespero.

Rupert Grint é a maior revelação do trio. Sempre fazendo um papel de alívio cômico como Rony Weasley, aqui ele demonstra toda a sua preocupação em ter de abandonar a família e acompanhar Harry em sua jornada duvidosa.
É evidente que ele sente ciúmes de Harry e Hermione e mais ainda o quanto se sente frustrado por Harry, até então a única esperança do mundo contra as forças do mal, não saber qual caminho deve seguir. Rony representa talvez o que todos nós sentiríamos em uma situação de guerra anunciada. Quando o personagem pega o rádio pra ouvir os bruxos desaparecidos ou capturados por Voldemort, com esperanças de não ouvir nenhum nome familiar, é impossível não se identificar.

Daniel Radcliffe entrega um Harry Potter cheio de dúvidas e muito pressionado. Ainda que ofuscado pela excelente atuação dos dois colegas, ele sem dúvida melhorou muito. A sequencia final, com uma morte em seus braços denotam o quanto dramático Radcliffe aprendeu à ser. E a sequencia de dança com Emma Watson, mesmo não estando nos livros, é triste e essencial para se entender o quanto aqueles personagens estao estressados, precisando estravasar suas frustrações.

Apesar do corte brusco, o filme termina em um momento de tensão que deve perdurar até julho de 2011. A divisão acontece no momento certo mostrando que a parte 2 será mais movimentada.

Não se engane com o trailer. Esta primeira parte não é um filme de ação. Funciona muito mais como um drama psicológico mostrando jovens desconexos tentando entender a grande missão deixada para eles.
Um grande destaque do filme é também a animação gótica que introduz as tão faladas Relíquias da Morte. Objetos que juntos, tornam seu dono invencível.

Por todas as suas qualidades técnicas e pelo distanciamento deste filme dos demais da série Potter, Relíquias da Morte parte 1 é um ótimo filme.
Se lá em 2001 víamos Harry aprendendo as regras de quadribol e comendo sapinhos de chocolate, aqui vemos tortura, sangue e até uma cena de nudez e beijos nada infantis… Tudo, claro, faz parte de um contexto maior e, se as dúvidas ainda te incomodarem ao final do filme, existe o alívio por saber que em 2011 tem mais.

Os Perdedores

14 nov

Baseado em HQ da Vertigo (que por sinal eu não conhecia) The Losers é um filme de ação mediano que só não fica chato pelo bom humor e o elenco caricato mas convincente dentro de seus personagens.

O filme conta a história de um grupo de agentes de uma força especial dos EUA que está em uma missão na Bolívia para prender um grande traficante de drogas. No último instante (e nesse caso no último mesmo) descobrem que estão trabalhando para a pessoa errada e se tornam alvos da própria organização. Com o grupo dado por morto, eles se refugiam na Bolívia até serem encontrados por uma misteriosa pistoleira (literalmente, não no sentido pejorativo da palavra) que os ajuda à tramar um plano de vingança.

O grupo é formado por Clay (Jeffrey Dean Morgan), Jensen (Chris Evans), Roque (Idris Elba), Pooch (Columbus Short) e Cougar (Oscar Jaenada). A justiceira em questão é Aisha, interpretada por Zoe Saldana.

Com um início bem empolgante o filme se perde um pouco à partir da metade. As cenas de ação são bem produzidas mas em determinada sequência no centro de MIAMI pareceu um pouco artificial, como uma mistura de Uma Saída de Mestre com O Quarteto Fantástico. Apesar de tudo o timing cômico e o tom despreocupado dos personagens tornam o filme mais leve e fácil de digerir, com destaque para a invasão de Jensen em uma empresa de informática ao som de “Don’t Stop Believing”.
Chris Evans está hilário na sequência.

Por ser um filme curto não deve cansar e até diverte. Mas pra quem gosta do gênero o filme O Procurado (Wanted) com Angelina Jolie é mais encorpado e charmoso, divertindo até mais que este.

Adventureland

11 nov

Adventureland deve passar despercebido nas locadoras. O filme foi lançado diretamente em DVD e, pra piorar, além da capa com cara de filme pastelão teve seu título adaptado para “Férias Frustradas de Verão”.
Não dá pra entender os motivos que levam os responsáveis à escolher um título imbecil pra um filme cujo nome nem sequer precisava de tradução. E com isso o filme passa despercebido, atraindo um público bem diferente daquele à que se destina.
A história se passa no ano de 1987, uma época bastante diferente da atual, quando a velocidade da informação não era medida pelo twitter e as pessoas não viviam penduradas no celular. Na década de 80 e 90 os jovens eram movidos por sonhos, sempre com a cabeça no futuro e na curiosidade em saber o que viria pela frente. Esses sentimentos são parte da personalidade de James Brennan (Jesse Eisenberg). Após levar o fora de uma garota e de ver seus planos de viajar à Europa irem por água abaixo, a única solução é arrumar um emprego durante o verão, guardar dinheiro e conseguir cursar a faculdade de jornalismo em Nova York.

É então que Brennan vai para Pittisburgh trabalhar no parque local  Adventureland, onde conhece entre outros, o músico Mike Connell (Ryan Reynolds), a bela Lisa P. (Margarita Levieva) e a jovem Em Lewin (Kristen Stewart), que logo vira seu interesse romântico.
Brennan chega à pequena cidade triste por não ter tido a chance de realizar seus planos, mas com o objetivo de arrumar a grana e sair dali o mais rápido possível.

À medida que o tempo vai passando, ele acaba conhecendo e se envolvendo com os habitantes locais e descobre que nem tudo acontece exatamente como se quer.
Adventureland entrega uma comédia romântica jovem que nos remete aos filmes da década de 80 quando parecia que o mundo era maior e a imaginação desenhava um futuro cheio de metal cercado de muito mistério. Os questionamentos e a ingenuidade da época marcam presença em um filme que retrata um verão como ritual de passagem para a vida adulta.

Zumbilândia

10 nov

Os filmes de Zumbis perderam identidade e espaço no cinema e na TV, hoje dominado por vampiros de todos os tipos e gêneros. Felizmente os mortos vivos voltaram à conquistar as audiências com produções pra TV e cinema, como a série Walking Dead lançada recentemente e o remake de A Epidemia (The Crazies).

No ano passado, um filme que marcou a volta do gênero “mata zumbis” foi Zumbilândia. Trazendo de volta aquilo que não se via há um bom tempo nas telas: pessoas comuns caçando e matando (de novo) as descerebradas criaturas. Uma das características mais marcantes do filme é que não se trata de um filme de terror, mas sim de uma comédia de horror que diverte muito mais do que assusta.
O filme apresenta um mundo dominado por zumbis que, não se sabe exatamente como, mas segundo o protagonista Columbus (vivido por Jesse Eisenberg) surgiram depois de uma contaminação por carne de vaca (?).

Logo no início o nerd Columbus narra como é a vida no mundo apocalíptico de Zumbilândia e nos apresenta à suas regras de sobrevivência: Regra nº 1: Mantenha uma boa forma física. Segundo o personagem, os gordos sofrem mais em uma fuga e acabam sempre sendo devorados primeiro. Apesar de surreal as regras fazem sentido e são sempre apresentadas de forma divertida no início do filme.

Zumbilândia tem características de videogame e, apesar de ser um filme universal, vai agradar muito o público jovem, mais especificamente os fãs de jogos como Left for Dead que possui muitos elementos em comum com o filme, como o bom humor e o grupo de pessoas com características distintas mas com o mesmo objetivo, estourar as cabeças das criaturas.

O filme assume ainda caraterísticas de Road Movie, aqueles filmes de estrada em que os personagens percorrem várias locações e vão se conhecendo durante a viagem. Nesse momento surge o melhor personagem da trama, vivido por Woody Harrelson: Tallahasse, um genuíno matador de zumbis com pose de xerife. Juntos, ele e Columbus seguem pelas estradas em busca de um lugar livre dos mortos devoradores de carne.

Apimentando mais o filme, surgem as irmãs Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin) que se juntam aos dois pra completar a diversão. Mas o filme não seria tão bom não fosse a impagável participação de Bill Murray, interpretando ele mesmo como um dos únicos artistas de Hollywood que ainda não virou zumbi. Bill protagoniza as sequências mais engraçadas de todo o filme.

Superando as expectativas, Zumbilândia é um filme pra se ver com a turma e se divertir com os amigos. O segredo do filme é não se levar à sério e entregar a diversão descompromissada e criativa que falta à filmes do gênero. Na verdade fatam filmes do gênero, seria interessante que mais comédias nesse estilo fossem produzidas.
Além de todos os pontos positivos já citados, o filme carrega uma aura meio independente, remetendo à produções como Superbad entre outros.

Existem boatos sobre uma possível continuação em 3D. Se realmente acontecer espero que a qualidade e o nível de humor se mantenham. Estarei nos cinemas pra conferir a cotinuação ansioso.

Scott Pilgrim contra o Mundo

6 nov

Scott Pilgrim era um dos filmes que eu mais aguardava neste ano. Depois de ler a HQ, muito boa aliás, a curiosidade pra versão live action só aumentou. Eis que finalmente chegou ao Brasil Scott Pilgrim vs the World. Sem comentar os atrasos, o “estreia ou não estreia” e indo direto ao que realmente interessa: o filme é extremamente fiel à HQ no visual, no tom e nas referências. O diretor Edgar Wright mostrou que é um verdadeiro fã da série.

A história gira em torno de Scott (Michael Cera), um jovem de 22 anos que vive sozinho em Toronto no Canadá, e divide um apartamento com o amigo gay Wallace Wells (Kieran Culkin). Certo dia ele encontra a garota dos seus sonhos, Ramona Flowers, e descobre que pra ficar com ela tem que derrotar seus 7 ex-namorados do mal.

Scott tem uma banda, a SEX BOB OMB onde toca baixo ao lado do guitarrista Stephen Stills (Mark Webber) e da bateirista Kim Pine (Alison Pill).

O filme mais pop do ano está recheado de referências aos videogames dos anos 90. Durante as sequências de lutas é possível ouvir os sons de jogos como Sonic e Super Mario. Elementos dos jogos de plataforma são inseridos em todo o filme, como level-up, barras de energia, vida extra, entre outras coisas. Talvez por esse motivo o filme tenha fracassado na bilheteria americana. Quem nunca esteve envolvido com esses elementos em algum momento da vida pode ter se sentido meio “por fora”.

Muita gente procura sentido pro filme, quando na verdade o mais legal é curtir as lutas e o crescimento de Scott ao longo da história, sem ter uma explicação pra tudo. Mas ainda assim é possível agradar aos mais exigentes e tentar refletir sobre a mensagem do filme.

Na vida nada vem de graça e tudo tem seu preço.  Scott Pilgrim luta, literalmente, com os 7 ex-namorados malignos de Ramona pra poder ficar em paz com a garota que deseja. Na verdade, ele luta contra si mesmo e contra tudo o que mais teme. Pode-se dizer então que o filme mostra o que Scott Pilgrim sente à respeito da vida, mas de forma subjetiva. Derrotar os inimigos e ganhar a garota é o caminho que ele percorre rumo ao crescimento e à conquista do respeito próprio. E por que não fazer disso tudo uma partida de videogame pra ficar mais divertido?

É interessante como tudo pode ser interpretado de várias formas, como no momento em que Stephen pergunta “O que está fazendo Scott?” e em seguida vem a resposta “Pegando uma vida” no momento em que surge ao lado do personagem o ícone 1up e ele o agarra e parte cheio de coragem pra mais uma briga.

A trilha sonora funciona muito bem, e todas as bandas representadas na tela parecem de verdade, nunca artificiais.

O som da Sex Bob Omb é empolgante, da Crash and the Boys é rápido mas muito verdadeiro e da Clash at demonhead contagia ao som da banda Metric.
Todos os personagens estão muito bem caracterizados com destaque para Mary Elizabeth Winstead como Ramona e Ellen Wong como Knives Chau, a namorada colegial de Scott antes de conhecer Ramona.

Divertido e assumidamente nerd, o filme não tem medo de sua origem e entrega uma história rápida, simples e divertida que vai deixar muita gente com saudade do seu mega drive e com vontade de jogar Street Fighter.
E quem não gostaria de pegar uma vida, derrotar os inimigos, ganhar a garota e, se tiver sorte, poder tentar outra, outra e quantas vezes quiser?

The Runaways

6 nov

"Cherry Bomb"

A cinebiografia da primeira banda feminina de rock chega aos cinemas com pouca história, muita rebeldia e uma trilha sonora bem divertida.

O filme conta a história de Joan Jett e suas companheiras no início da carreira até o grande estouro que foi o The Runaways nos anos 70. À repressão em cima das mulheres era bastante evidente, que muitos não apostavam no rock feito por “meninas”. Em determinada cena no início do filme, Joan é repreendida por um professor de música que afirma que “mulheres não devem tocar guitarras”.

Apesar disso a garota segue com seu sonho, embebida em álcool e drogas pelas ruas sujas de Los Angeles.  Afinal, o sentido do punk rock é exatamente lutar contra o sistema e as regras pré-estabelecidas pela sociedade, buscando a liberdade de expressão.

O filme começa a engrenar quando numa noite, em uma casa noturna Joan encontra o famoso empresário Kim Fowley e o convence a ouvir o seu som. Também foi idéia de Fowley buscar uma loira atraente para ser a vocalista e, por tabela, ajudar no marketing da banda. É nesse momento que Cherie Currie surge com o apelido de Cherry Bomb, que deu origem à já famosa composição da banda.

Dakota Fanning surpreende como a loirinha problemática Cherie. Seu olhar, sua voz e toda a sensualidade da personagem impressionam principalmente por ser a primeira vez que vemos a atriz nessas condições. Já Kristen Stewart continua com a mesma expressão vazia e a falta de vitalidade da sua personagem na franquia Crepúsculo. Por outro lado, sua Joan Jett é muito mais interessante que a Bella Swan da saga vampiresca.

Quem rouba a cena é Michael Shannon com seus trejeitos e linguajar sem pudor ensinando o rock como se fosse uma cartilha de sexo.

O maior problema do filme são os clichês do gênero. As drogas estão presentes, a polêmica também, as manchetes de jornais rodando na tela estão lá. A impressão é que a história poderia ser muito mais aprofundada. O filme concentra-se mais na relação lésbica de Joan e Cherie e deixa a história da banda um pouco de lado, assim como a história das demais integrantes. Ao final do filme o drama pessoal e familiar de Cherie é apresentado de forma superficial e quando o filme vai alçar vôo ele simplesmente acaba.

Como entretenimento é uma ótima opção e o lado positivo é que vai abrir as portas para a formação de novos adeptos do punk rock do The Runaways.